quinta-feira, 10 de março de 2016

Estresse adrenal



      O estresse, que afeta mais de 90% da população mundial, não chega a ser uma doença, mas sim uma forma de adaptação e proteção do corpo contra agentes externos ou internos.  Esses agentes causadores do estresse podem ser de origem física (correr maratona), sensoriais(calor ou frio em excesso), psicológicas (fazer prova pra concurso) e infecciosos, no caso de parasitas patológicos que estimulam uma reação do organismo contra eles.
       Essa reação do organismo ocorre primeiramente como um alarme, em que o corpo reconhece o estressor e ativa o sistema neuroendócrino. Seguido disso ocorre uma adaptação, em que o organismo repara os danos causados pela reação de alarme, reduzindo os níveis hormonais. No entanto, se o agente ou estímulo estressor continua, inicia-se um processo de exaustão que pode provocar o surgimento de uma doença associada à condição estressante, pois nesse estágio começam a falhar os mecanismos de adaptação e ocorre déficit das reservas de energia.



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      Situações de perigo ou desafio ativam a resposta do cérebro ao estresse. O hipotálamo, quando estimulado, secreta o hormônio liberador da corticotrofina (CRH) no sistema porta-hipotálamo, que faz o aporte sanguíneo para a parte anterior da hipófise (adenohipófise), que estimulada pelo CRH secreta o hormônio adrenocorticotrófico (ACTH) na corrente sanguínea. 
       O ACTH estimula o córtex das glândulas suprarrenais (adrenais) a secretarem cortisol e ao mesmo tempo o sistema nervoso estimula a medula das glândulas suprarrenais a secretarem adrenalina. Esses hormônios aceleram o batimento cardíaco, dilatam as pupilas, aumentam a sudorese e os níveis de açúcar no sangue, reduzem a digestão, contraem o baço (que expulsa mais hemácias para a circulação sanguínea, o que amplia a oxigenação dos tecidos) , aumenta a taxa de glicose no sangue pois estimula a gliconeogênese e suprime o sistema imune (redução das defesas do organismo). A função dessa resposta fisiológica é preparar o organismo para a ação, que pode ser de “luta” ou “fuga”.
       De modo geral, pode-se afirmar que o organismo humano está muito bem adaptado para lidar com estresse agudo, pois após a reação de alarme, existe a adaptação, que podemos chamar de retroalimentação (feedback) que no caso do cortisol é negativo, ou seja, quando é sintetizado uma quantidade além do que será utilizado, esse excesso de cortisol estimula a inibição de sua produção. 
       Quando as glândulas suprarrenais são super estimuladas pelo estresse a maior prazo, elas começam a enfraquecer e o ciclo hormonal do cortisol fica desregulado, liberando cortisol em maiores níveis e frequência ao longo do dia.  Depois de um tempo isso pode afetar a produção e secreção do próprio cortisol e de outros hormônios também sintetizados pela glândula suprarrenal, como a aldosterona e adrenalina, desgastando seriamente o organismo e nos levando a sentir fadiga, perda de foco, insônia, desconfortos intestinais, irritabilidade, depressão, ganho de peso e disfunção das defesas imunológicas.
      
 
 
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Juliana Baccaglini, estudante de medicina da UNINASSAU.


Referências:

GUYTON, A.C. Fisiologia Humana. 5ª ed., Rio de Janeiro, Ed. Interamericana, 1981. 08- GUYTON, A.C.; HALL, J.E. Tratado de Fisiologia Médica. 11ª ed

http://www.afh.bio.br/endocrino/endocrino3.asp

Cannon WB. The emergency function of the adrenal medulla in pain and the major emotions. Am J Physiol. 1914;33(2):356-72.           

Mason JW. A historical view of stress field. J Hum Stress. 1975;1:6-12.         

http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1516-44462007000500002&script=sci_arttext&tlng=e!n

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