sábado, 21 de maio de 2016

DOENÇAS INFLAMATÓRIAS INTESTINAIS

As doenças inflamatórias intestinais (DII) são crônicas, de etiologia desconhecida, e acometem o trato digestório, sendo as duas formas mais comum de apresentação:

- Retocolite ulcerativa inespecífica (RCUI)
- Doença de Crohn (DC)

A DC e a RCUI são duas doenças distintas, apesar de clinicamente semelhantes, a história natural das DII é caracterizada pela frequente exacerbação dos sinais e sintomas, com diferenças dependendo da localização e da extensão do processo fisiopatológico.


RCUI x DC

      A rcui tem sua inflamação delimitada à mucosa do colo e reto, levando a formação de úlceras, ocorrendo de forma contínua, e a manifestação mais comum é a diarréia sanguinolenta.
      Já a DC é uma doença de caráter granulomatoso, que pode afetar qualquer parte do trato alimentar, desde a boca até o ânus, acometendo predominantemente o íleo terminal e o colo. Como a DC acomete todas as camadas da parede do intestino, é mais comum a ocorrência de fístulas, obstruções e perfurações do trato digestivo. A perfuração intestinal causa um quadro grave pois propicia o contato das fezes e suas bactérias com a cavidade abdominal, podendo causar peritonite e até sepse grave.

Doença inflamatória intestinal e câncer
      Tanto no crohn, quanto na retocolite, o risco de câncer de cólon é 2 a 5x maior que a população geral. Em média, 5% dos portadores de doença inflamatória intestinal apresentarão câncer cólon-retal. O risco é maior quanto mais longa for a doença e quanto mais grave e extenso for a inflamação do cólon. Por isso, após mais ou menos 8 anos de diagnóstico de crohn ou retocolite, indica-se a realização de colonoscopias anuais para detecção precoce dos tumores de cólon.

Diagnóstico do crohn e da retocolite ulcerativa
      Atualmente o diagnóstico das doenças inflamatórias intestinais é realizado através da colonoscopia com biópsia.  Os achados de ulcerações, pseudopólipos, granulomas associados a sinais de inflamação da mucosa intestinal ajudam a estabelecer o diagnóstico, que é confirmado posteriormente com o resultado das biópsias.
Tratamento da doença de crohn e da retocolite ulcerativa
      O tratamento das doenças inflamatórias intestinais visa o controle da inflamação e consequentemente a melhora dos sintomas. As duas drogas mais comumente usadas, são a sulfalazina e o 5-aminosalicilato (5-asa), conhecido. Antibióticos como metronidazol e ciprofloxacina também são muitas vezes usados. Em casos mais graves pode-se usar imunossupressores como corticoides em doses altas, azatioprina, 6-mercaptopurina e metotrexate. 
      Uma nova classe de droga, chamada de anti-tnf foi recentemente incorporada ao arsenal de tratamento para o crohn e retocolite. As 3 drogas desta classe usadas são o infliximab, adalimumab e certolizumab. Ainda não existe uma dieta que comprovadamente auxilie nas doenças inflamatórias intestinais. O que se indica é avaliar individualmente quais alimentos exacerbam os sintomas para evitá-los. Mas não há uma relação de alimentos que faça mal ou bem universalmente. Orienta-se a evitar o cigarro e também anti-inflamatórios comuns. Na doença de crohn onde as fístulas, perfurações e obstruções são comuns, muitas vezes é necessário a cirurgia para retirada do segmento acometido. Por defeitos na absorção de alimentos, é comum o doente com crohn desenvolver algumas deficiências nutricionais e desnutrição. Esses pacientes muitas vezes desenvolvem osteoporose por deficiência de cálcio e vitamina d.
Juliana Lima, Aluna de Medicina da Uninassau.

REFERÊNCIAS:
http://www.mdsaude.com/2009/10/doenca-de-crohn-retocolite-ulcerativa.htmlK
Lilian Cuppari. Guia de Nutrição - Nutrição clínica do adulto, pág 228. 2ª ed, Manole, 2005.


sábado, 14 de maio de 2016

Síndrome do Intestino Irritável


Fonte: Google Disponível em: <https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjOVI3j-WjUKmiYOVVK67a19QsrCfEpuMI_V572ksBip0Q9RiBBuexO83ZERJ_hxTZ7deidgB9NUkEtWZVULoQ0sCoF_LTGF-DidK5NBLnUkuGaOiS5pqcPelF1uGkyLfLbH-SvtMKZjw8/s1600/stress.png>
          A Síndrome do Intestino Irritável (SII) apresenta-se como um conjunto de sintomas provocados pelo mau funcionamento do intestino, que consistem mais freqüentemente de dor abdominal, estufamento, constipação ("intestino preso") e diarréia. Muitos pacientes com SII alternam diarréia com constipação. Pode haver muco presente junto às fezes.

Fonte: Google Disponível em: <http://melhorcomsaude.com/wp-content/uploads/2014/06/Colon-irritable-500x325.jpg>

                Não se trata de um defeito anatômico ou estrutural, nem de desordem física ou química identificável, ou seja, não há doença orgânica detectável. É um distúrbio da motilidade intestinal (as contrações musculares rítmicas dos intestinos que levam a comida digerida adiante) e uma percepção anormal de estímulos no intestino, que em pessoas sem o problema não acarretariam qualquer desconforto, ou seja, o intestino destas pessoas parece ter uma sensibilidade aumentada (são mais sensíveis) a diferentes estímulos como determinados alimentos e a ansiedade (stress).


               Os principais sintomas são dor e desconforto abdominal associado com alterações nas fezes, porém variam de pessoa para pessoa.  Alguns apresentam constipação, outros diarréia ou ainda alternância entre diarréia e constipação. Podem referir também sensação de estufamento e distensão abdominal, decorrente da fermentação de gases no cólon.  Os movimentos do cólon podem estar aumentados, impulsionando muito rapidamente o bolo fecal, não permitindo a adequada absorção desse fluido, deixando as fezes com excesso de água, o que se manifesta como diarréia. Por outro lado, quando o intestino trabalha muito lentamente as fezes ficam em contato por muito tempo com as paredes intestinais, favorecendo uma maior absorção de água, deixando-as endurecidas e secas, características da constipação intestinal.


Fonte: Google Disponível em: <http://www.drfernandovalerio.com.br/imagens/doencas/organograma_intestino_irritavel.jpg>

Para maiores esclarecimentos deixamos um vídeo com algumas explicações adicionais.  



Rafaella Cardoso Gonzalez, graduanda de medicina da Uninassau



Referências Bibliográficas:

Quigley E, Fried M, Gwee KA, et al. Irritable bowel syndrome: a global perspective. 2009. World Gastroenterology Organization (www.worldgastroenterology. org).
- FILHO, P. P. S. M., Síndrome do Intestino Irritável. Rev. Bras. de Medicina. v.67, n.9. Set. 2010
-GUYTON, A.C.; HALL, J.E. Tratado de Fisiologia Médica. 11ª ed

terça-feira, 10 de maio de 2016

ÚLCERA PÉPTICA


A úlcera péptica é resultante da perda circunscrita de tecido em regiões do trato digestivo capazes de entrar em contato com a secreção cloridropéptica do estômago. É diferenciada das erosões pelo fato destas não atingirem a submucosa e, portanto, não deixarem cicatriz ao se curarem, segundo Marshall. Tal problema surge pelo desequilíbrio entre a taxa de secreção de suco gástrico e o grau de proteção dado pela barreira da mucosa gastroduodenal e pela neutralização do ácido gástrico pelos sucos duodenais.

É válido compreender que a infecção gástrica causada pela Helitobacter pylori (HP) é hoje responsável por mais de 95% dos casos de úlcera duodenal e 80% dos portadores de úlcera gástrica e a utilização de anti-inflamatórios constitui a segunda causa, especialmente na população mais idosa, de acordo com Mégraud.

Entretanto, há outros fatores que podem predispor o aparecimento das úlceras, tais como: o tabagismo, devido ao aumento da estimulação nervosa das glândulas secretoras do estômago; o álcool, porque tende a romper a barreira da mucosa, ou seja reduz a quantidade de muco; o uso de anti-inflamatórios não esteroidais, como a aspirina, pois afeta também a integridade da mucosa, além de distúrbios psíquicos, porque podem aumentar a produção do ácido clorídrico.

A sintomatologia das úlceras localizadas no estômago apresentam-se pela presença do vômito, o sintoma mais frequente, dor abdominal e hematêmese e/ou melena, pode apresentar também cólica ou queimação. Já a úlcera duodenal as manifestações clínicas são semelhantes a úlcera gástrica, o principal sintoma é a dor abdominal, que se associa em percentual significativo de casos a vômito e hemorragia, podendo apresentar também peritonismo e distensão abdominal.

Portanto, para o tratamento eficaz desse problema se causa infecciosa (pela HP) utiliza-se antibióticos para a eliminação do agente causador e para as outras causas é necessária a diminuição do uso de anti-inflamatórios não esteroides, da ingestão de álcool, controle da ansiedade e redução do tabagismo, drogas como a ranitidina também podem ser administradas, já que promove a redução da produção do suco gástrico.


Por Jéssica Cordeiro do Amaral, aluna medicina Uninassau.

Referências:
GUYTON, A.C. Fisiologia Humana. 5ª ed., Rio de Janeiro, Ed. Interamericana, 1981. 08- GUYTON, A.C.; HALL, J.E. Tratado de Fisiologia Médica. 11ª ed
Marshall BJ, Warren JR. Unidentified curved bacilli in the stomach of patients with gastritis and peptic ulceration. Lancet 1984; 1:1311-5.
Mégraud F. Epidemiology of Helicobacter pylori infection. Gastroenterol Clin North Am 1993; 22:73-88.
http://www.jped.com.br/conteudo/00-76-S127/port_print.htm


segunda-feira, 9 de maio de 2016

Colelitíase - Pedra na vesícula biliar


           A vesícula biliar é um órgão que fica abaixo do lado direito do fígado. Sua função é armazenar e concentrar a bile produzida pelo fígado e liberá-la durante a digestão no intestino (duodeno). Quando o alimento saí do estômago em direção ao intestino, a vesícula se contrai, expulsando a bile diretamente no duodeno através do ducto colédoco. A bile contém os chamados sais biliares, responsáveis por emulsionar as gorduras presentes no alimento, ou seja, consiste em transformar partes de gordura em partículas menores para facilitar o trabalho da lipase liberada pelo pâncreas, que irá quebrar essas partículas.
           A bile é também uma via de eliminação de alguns resíduos do organismo como o colesterol e a bilirrubina, e quando estes se agregam e associam a sais de cálcio, formam uma massa sólida, que aumenta de tamanho à medida que é banhada pelo líquido biliar, de modo semelhante ao que acontece quando se forma uma pérola no interior de uma ostra. Outra das causas para a formação de pedras é o mau funcionamento da vesícula biliar, com um esvaziamento lento ou incompleto durante a digestão.





http://i1.wp.com/diariodebiologia.com/wp-content/uploads/sites/4/2015/06/pedra-na-ves%C3%ADcula-anatomia-ves%C3%ADcula-biliar-desejos-de-beleza.jpg         
          De início, a colelitíase não apresenta sintomas, mas em casos mais intensificados, pode causar dor e dificuldade de digestão de gorduras. Essas pedras podem também obstruir o ducto calédoco, ocasionando colecistite (inflamação da vesícula biliar), pode da mesma forma bloquear o canal pancreático, gerando pancreatite (inflamação do pâncreas) e tudo isso tem como consequência febres e dores abdominais mais intensas. A colelitíase é inclusive um fator que origina câncer na vesícula.
            Na maioria dos casos de colelitíase é necessário remoção cirúrgica das pedras e da própria vesícula, e a pessoa que teve a sua retirada deverá ter uma alimentação saudável e evitar alimentos muito gordurosos pois a bile estará mais diluída e não será tão eficiente para auxiliar na digestão da gordura ingerida.
http://silviogabor.com.br/wp-content/uploads/2012/10/pedra-na-vesicula.jpg


Juliana Baccaglini, estudante de medicina da UNINASSAU.

Referências:
GUYTON, A.C. Fisiologia Humana. 5ª ed., Rio de Janeiro, Ed. Interamericana, 1981. 08- GUYTON, A.C.; HALL, J.E. Tratado de Fisiologia Médica. 11ª ed
Hart J, Modan B, Shani M. Cholelithiasis in the etiology of gallbladder neoplasm. Lancet, 1971, 1:1151-1153. 
Sumiyoshi K, Nagai E, Nakayama F. Patholgy of carcinoma of the gallbladder. World J Surg, 1991, 15: 315-321.
https://hmsportugal.wordpress.com/2011/01/20/pedras-na-vesicula-litiase-biliar/